tag:blogger.com,1999:blog-4902207538462374832023-11-16T08:53:50.360-08:00O Povo sertanejoDo contato entre brancos e índios do Nordeste formou-se um povo mestiço, o sertanejo, que vai lidar com gado e aprender a arte do couro e do tratamento da carne de charque. Acostumado a longas caminhadas, dormindo em rede, comendo feijão, carne-de-sol, farinha de mandioca e vivendo no isolamento silencioso da enormidade das distâncias.Nordestino, Sertanejo !http://www.blogger.com/profile/17678468339009123905noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-490220753846237483.post-17805415407326722722008-10-16T07:26:00.000-07:002008-10-16T07:30:21.289-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg896k_6iaqT-Cv3gMsdq_bPL3OgoV_sqSgRzjGIpO9sJFD1Mqmh5ZAbZfH_-8O0ox5Wnu7oDvrzxLoAXqHm-rYT6LhyphenhyphenHzdI6BtXBQzNLqxu9DUvH_pZ4nwNzt4Nb-3rwRAkgp2dqFSV_U/s1600-h/nordeste.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5257758270924801154" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg896k_6iaqT-Cv3gMsdq_bPL3OgoV_sqSgRzjGIpO9sJFD1Mqmh5ZAbZfH_-8O0ox5Wnu7oDvrzxLoAXqHm-rYT6LhyphenhyphenHzdI6BtXBQzNLqxu9DUvH_pZ4nwNzt4Nb-3rwRAkgp2dqFSV_U/s320/nordeste.jpg" border="0" /></a><br /><div><strong>A ocupação e conflitos no sertão nordestino<br /><br /></strong><br />Como o governo proibia a criação de gado no litoral para não prejudicar o plantio da cana-de-açúcar, a opção foi a abertura de currais no sertão, próximo aos rios e riachos. Assim, o gado foi atingindo não só o interior da Bahia e do Piauí, mas também o interior de Pernambuco, Paraíba e Ceará.<br />Sertão Nordestino, que pouco se alterou desde a época da colonização.<br />Os donos dos currais não respeitavam as terras dos antigos habitantes da região e deixavam o boi solto, o que deu origem a muitos conflitos entre portugueses e indígenas, pois os nativos viam no boi uma caça fácil e proveitosa. Quando atacavam o gado, os vaqueiros reagiam e o conflito muitas vezes terminava desfavorável para os antigos donos do sertão.<br />Quando os holandeses ocuparam o Nordeste (1630-1654), os indígenas se dividiram: parte dos Potiguara e de grupos do litoral ficaram do lado dos portugueses, e outros povos do interior, entre os quais os Janduí, aliaram-se aos holandeses.<br />Com a expulsão dos holandeses, grupos indígenas do sertão aceitaram um acordo de paz com os portugueses, como foi o caso dos Janduí. Devido à inabilidade do governador João Fernandes Vieira, que prendeu e enviou para Lisboa dois filhos do cacique, a revolta tomou conta desta nação e os conflitos começaram.<br />Aos Janduí aliaram-se os Gueguê, os Galache, os Anayó, os Iço, os Piancó e os Kariri, que igualmente viram suas terras sendo concedidas aos portugueses. Essa aliança ficou conhecida como Confederação Kariri.<br />Na Bahia outros grupos rebelaram-se, como os Amoipira e os Pimenteira, de língua tupi. Para combatê-los, os portugueses conseguiram a adesão de parte dos Kariri, que eram aldeados pelos capuchinhos.<br />Embora haja poucas informações sobre esses embates, o conflito provavelmente não foi muito favorável para os portugueses pois, em 1677, o governador da Bahia pediu ajuda aos paulistas para conter os ataques, sobretudo dos Anayó. Como o governo proibia a criação de gado no litoral para não prejudicar o plantio da cana-de-açúcar, a opção foi a abertura de currais no sertão, próximo aos rios e riachos. Assim, o gado foi atingindo não só o interior da Bahia e do Piauí, mas também o interior de Pernambuco, Paraíba e Ceará.<br />Sertão Nordestino, que pouco se alterou desde a época da colonização.<br />Os donos dos currais não respeitavam as terras dos antigos habitantes da região e deixavam o boi solto, o que deu origem a muitos conflitos entre portugueses e indígenas, pois os nativos viam no boi uma caça fácil e proveitosa. Quando atacavam o gado, os vaqueiros reagiam e o conflito muitas vezes terminava desfavorável para os antigos donos do sertão.<br />Quando os holandeses ocuparam o Nordeste (1630-1654), os indígenas se dividiram: parte dos Potiguara e de grupos do litoral ficaram do lado dos portugueses, e outros povos do interior, entre os quais os Janduí, aliaram-se aos holandeses.<br />Com a expulsão dos holandeses, grupos indígenas do sertão aceitaram um acordo de paz com os portugueses, como foi o caso dos Janduí. Devido à inabilidade do governador João Fernandes Vieira, que prendeu e enviou para Lisboa dois filhos do cacique, a revolta tomou conta desta nação e os conflitos começaram.<br />Aos Janduí aliaram-se os Gueguê, os Galache, os Anayó, os Iço, os Piancó e os Kariri, que igualmente viram suas terras sendo concedidas aos portugueses. Essa aliança ficou conhecida como Confederação Kariri.<br />Na Bahia outros grupos rebelaram-se, como os Amoipira e os Pimenteira, de língua tupi. Para combatê-los, os portugueses conseguiram a adesão de parte dos Kariri, que eram aldeados pelos capuchinhos.<br />Embora haja poucas informações sobre esses embates, o conflito provavelmente não foi muito favorável para os portugueses pois, em 1677, o governador da Bahia pediu ajuda aos paulistas para conter os ataques, sobretudo dos Anayó. </div>Nordestino, Sertanejo !http://www.blogger.com/profile/17678468339009123905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-490220753846237483.post-9750204199451102762008-10-16T07:18:00.000-07:002008-10-16T07:23:02.386-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUqx-IsT9DDbJ2U2qsA4E7KW3aBpcWr5NfJPebAhpB25syXEK6WTzJ3KNcR7_ExUfNd_IOnPhxRKf35_A-tgnZrd9WQ65RKxoPyzutbGRWzBEXcp6e9R_xJ0ZCxIDVv4Dk2UTBRWgvVfs/s1600-h/sertao.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5257756906964090866" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUqx-IsT9DDbJ2U2qsA4E7KW3aBpcWr5NfJPebAhpB25syXEK6WTzJ3KNcR7_ExUfNd_IOnPhxRKf35_A-tgnZrd9WQ65RKxoPyzutbGRWzBEXcp6e9R_xJ0ZCxIDVv4Dk2UTBRWgvVfs/s320/sertao.jpg" border="0" /></a><br />A penetração no interior do Brasil<br /><br />No século XVII os portugueses da Bahia penetraram no Interior do Brasil, não apenas seguindo o curso do rio São Francisco, que era como uma larga estrada aberta, como também outros rios menores em direção ao Piauí, em busca de uma comunicação terrestre com o Maranhão. Após a expulsão dos franceses da ilha de São Luís, tornou-se urgente a abertura deste caminho, garantindo um acesso mais seguro que a via marítima.Nordestino, Sertanejo !http://www.blogger.com/profile/17678468339009123905noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-490220753846237483.post-85786109650780460382008-10-16T06:54:00.000-07:002008-10-16T06:55:38.047-07:00A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DO NORDESTINO/SERTANEJO NA<br />CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL<br /><br />RESUMO<br />O presente texto propõe uma discussão sobre a construção da imagem do<br />nordestino, associado ao homem sertanejo, na constituição da identidade brasileira e as<br />conseqüências da composição desta imagem proposta por intelectuais do Norte e do Sul do<br />país, no início do século XX. Para isso, dialogarei com alguns autores brasileiros que, em<br />diferentes épocas, traçaram um pensamento sobre o Brasil e a complexa representação da<br />identidade nacional, a exemplo de: Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Renato Ortiz e<br />Durval Muniz Albuquerque Jr.<br />Palavras-chave: Identidade Nacional, representação, sertanejo, estereótipo.<br />1. A construção da identidade nacional: Brasil ou Brasis?<br />Em vez de pensar as culturas nacionais como unificadas,<br />deveríamos pensá-las como constituindo um<br />dispositivo discursivo que representa a diferença<br />como unidade ou identidade.<br />Stuart Hall<br />Quem somos nós povo brasileiro? O que nos constitui? O que faz o brasil ser<br />Brasil? Brasileiro é assim mesmo?..., Essas e outras são perguntas que cotidianamente<br />ocupam grande parte dos intelectuais brasileiros, ainda nos dias de hoje, mas que começam<br />a ser formuladas, de forma mais sistemática, no início do século XX.<br />Aceitar a multiplicidade e a diversidade de vozes e presenças no Brasil nunca foi<br />fácil para a elite local. Os sentimentos ambivalentes de fascínio e repulsa, preconceito e<br />1 Mestranda do Programa Multidisciplinar em Cultura e Sociedade da UFBA e coordenadora do Núcleo<br />Pedagógico do CRIA<br />Centro de Referência Integral de Adolescentes. E-mails: evasemarias@uol.com.br<br />e<br />claudia@criando.org.br<br />aceitação, envolvimento e distanciamento e a dificuldade de reconhecimento do outro em<br />si mesmo compõem a história da construção da identidade nacional.<br />Em seu estudo sobre a Cultura Brasileira e Identidade Nacional, Renato Ortiz traça<br />historicamente o processo de construção da identidade nacional, retomando as diferentes<br />formas como a mesma foi pensada a partir do fim do século XIX. É neste período que as<br />teorias ligadas, principalmente, à raça e ao meio emergem com toda força visando explicar<br />o descompasso do Brasil em relação a outros países do mundo, principalmente em relação à<br />Europa.<br />Ortiz inicia sua análise partindo de três pensadores desta época: Sílvio Romero,<br />Nina Rodrigues e Euclides da Cunha, considerados precursores das Ciências Sociais no<br />Brasil que, influenciados pelas teorias evolucionistas, elaboradas na Europa no século XIX,<br />buscam, para além de uma lógica ligada a uma história natural evolutiva da humanidade,<br />explicar o Brasil através dos argumentos epistemológicos do meio e da raça, A<br />compreensão da natureza, dos acidentes geográficos esclarecia assim os próprios<br />fenômenos econômicos e políticos do país (1994, p. 16). Um exemplo claro de como estas<br />categorias fundamentavam a escrita destes pensadores é a obra clássica de Euclides da<br />Cunha Os Sertões, em que o autor logo de início apresenta dois grandes capítulos sobre a<br />Terra e sobre o Homem para, a partir da descrição detalhada das suas características, narrar<br />e contextualizar a guerra de Canudos ocorrida no sertão da Bahia.<br />A partir do paradigma naturalista, a importância do meio combinado às<br />características da raça justificava, categoricamente, os porquês do comportamento do<br />brasileiro. A exemplo disso via-se o negro do litoral sendo mais malevolente, o homem do<br />sertão mais sisudo e ríspido, a mulata sensual... E, assim foi-se criando um Brasil de tipos<br />(degenerados) e construindo no discurso sobre a identidade nacional o contorno de alguns<br />estereótipos.<br />São, portanto, prioritariamente estas noções de clima e raça que vão dar<br />singularidade ao país e explicar o seu atraso e a sua lenta mobilidade, o calor dos trópicos<br />foi visto como um fator dificultador para adaptação do elemento europeu na terra, aliado a<br />isso se apresentava uma evidente mistura de raças. Aparece, deste modo, um quadro<br />pessimista sobre a construção da nacionalidade e conseqüentemente o progresso e a<br />modernização do país. Se o mestiço (indolente) é um dado concreto, o que é apontado<br />como ideal para o progresso do país é a possibilidade de um branqueamento da sociedade<br />brasileira, numa tentativa de processualmente ir minando as características negativas do<br />nosso povo, para finalmente construir um Estado Nacional. Neste sentido, a idéia de Nação<br />aparece muito mais como uma meta a ser alcançada do que como uma realidade (Ortiz,<br />1994).<br />Tendo em vista que a Nação é uma comunidade imaginada (Anderson, 1983), ou<br />seja, um sistema de representação cultural que busca unificar um todo heterogêneo, ainda<br />permanece a questão sobre quais as estratégias utilizadas pela elite brasileira, no<br />processo de construção de sua unidade nacional, para a concretização de um ideal de<br />Brasil moderno e independente? Justamente num momento em que o país fazia de tudo<br />para copiar a França e seguir o padrão civilizador europeu, como conviver, por exemplo,<br />com a migração, através da qual vinham exatamente para a capital do Brasil, o Rio de<br />Janeiro, e para o maior centro urbano do país, São Paulo, os nortistas maltrapilhos e<br />miseráveis, denunciando que a febre de modernização do país não passava de uma<br />aspiração.<br />Provavelmente o caminho possível para alguns intelectuais e políticos da época<br />resolverem este conflito tenha sido o de criar, ou como bem diz o historiador Durval Muniz<br />Albuquerque Jr inventar uma divisão regional que pudesse viabilizar uma clara distinção<br />entre um Brasil ideal<br />moderno, rico, industrial, formado por uma grande parcela de<br />emigrantes europeus..., e um Brasil real<br />atrasado, pobre, rural, escurecido por uma<br />população mestiça de índios e negros... Desse modo, a ênfase na diferença entre o Brasi de<br />cima / Norte/Nordeste e o Brasi de Baxo / Sul/Sudeste (Patativa do Assaré), ou melhor,<br />a escolha de uma região para representar o nacional indicava, por hora, a resolução para o<br />grande dilema da unidade nacional.<br />A grande diferença entre o Norte e o Sul do país sempre foi pauta de discussão entre<br />muitos intelectuais da época, mais uma vez os paradigmas naturalistas (questões de raça e<br />meio) seriam responsáveis para explicar o descompasso no ritmo do desenvolvimento<br />interno do Brasil. Para Euclides da Cunha o regime meteorológico é a principal causa da<br />diferença entre o Norte e o Sul, tendo este (o Sul) condições incomparavelmente<br />superiores. Para Nina Rodrigues havia um risco de esfacelamento da nacionalidade, pois no<br />Sul estava presente uma civilização branca, moderna (considerada por ele superior),<br />enquanto que no Norte havia uma predominância mestiça e negra que atravancaria o<br />processo de desenvolvimento do país. Anos depois, Oliveira Viana confirmaria esta tese ao<br />considerar o Sul, principalmente São Paulo, como o local de uma aristocracia moral e<br />psicologicamente superior 2, desta forma, restava ao Norte subordinar-se às influências<br />modernizadoras do Sul (Albuquerque Jr, 2001).<br />Sendo o calor inadequado para o desenvolvimento de uma civilização e os mestiços<br />e negros uma sub-raça incapaz de realizá-la, Estaria o Norte condenado à decadência?<br />Em resposta a esse aforismo o movimento regionalista do Norte/nordeste ressurge<br />de forma intensa, nos anos vinte, arregimentado principalmente por Gilberto Freyre.<br />Intelectuais, políticos e artistas da região se articulam e, de diversas formas (nas artes, nas<br />produções literárias, jornalísticas...), encontram um jeito de dizer quem são e para que veio<br />o movimento, institui-se, neste momento, o que hoje conhecemos como Nordeste, até então<br />chamado de região Norte. Como afirma Albuquerque Jr.,<br />Uma nova consciência do espaço surge, principalmente, entre intelectuais que se sentem cada vez<br />mais distantes do centro de decisão, do poder, seja no campo político, seja no da cultura e da<br />economia. Uma distância tanto geográfica, quanto em termos de capacidade de intervenção. (2001,<br />p.50)<br />É no momento de construção discursiva sobre a unidade nacional que se afloram<br />diversos discursos regionalistas na tentativa de transformar os costumes, as manifestações<br />culturais e as práticas sociais de cada região em símbolos e imagens que represente o<br />nacional. Segundo Albuquerque Jr, são principalmente os Estados do Rio de Janeiro, São<br />Paulo e Pernambuco os que se colocam como centro distribuidor de sentido em nível<br />nacional<br />(2001, p. 42).<br />Neste sentido, é interessante questionarmos até que ponto foi possível superar os<br />regionalismos e chegar a uma representação nacional verdadeira , como defendia Mário<br />de Andrade, ao afirmar a importância de se realizar pesquisas sobre as peculiaridades de<br />cada região na tentativa de criar um todo brasileiro , que superasse os tipos regionais para<br />chegar a nos constituir como povo, homogêneo na alma e no corpo3.<br />Stuart Hall, em seu livro A identidade cultural na pós-modernidade, interroga a<br />possibilidade de uma identidade nacional representar um coletivo de forma conciliadora, já<br />que na situação colonial a conquista e a dominação entre diferentes povos se dão a partir de<br />um exercício constante de disputa de poder Cada conquista subjugou povos conquistados e<br />2 VIANA, Oliveira Apud ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz, 2001, p 57.<br />3ANDRADE, Mário Apud ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz, 2001, p. 50.<br />suas culturas, costumes, língua e tradições, e tentou impor uma hegemonia cultural mais<br />unificada (2003, p. 60). Nesta disputa de poder interna qual dos Brasis seria eleito<br />como o mais adequado representante da Nação?<br />O historiador Durval M. Albuquerque Jr sugere no subcapítulo Norte versus Sul, do<br />seu livro A invenção do Nordeste e outras artes, que o Sul seria eleito naturalmente o<br />fundamento da nação e explica que tal situação se deve ao fato de que, tanto o Sul quanto o<br />Norte, de formas diferentes, afirmavam o Norte enquanto espaço associado ao rural. O<br />primeiro evidentemente, de forma pejorativa, como o lugar de representação do atraso, da<br />violência, do barbarismo e da miséria, e o segundo como o lugar da brasilidade mais pura,<br />distante das influências estrangeiras, lugar do homem forte do sertão, mas também (e por<br />interesses da elite) como lugar onde, de fato, a seca era um dos mais fortes elementos de<br />constituição da região, alarmando a necessidade de grandes investimentos para a superação<br />da pobreza e do abandono. Além disso, ambos tratavam o cangaço e o messianismo<br />pejorativamente como fenômenos causados pela natureza.<br />É neste cenário de organização de imagens opostas do nordeste e do nordestino que<br />a célebre obra de Euclides da Cunha Os Sertões, publicada em 1902, pôde servir como uma<br />das fundamentações para ambos os argumentos, completamente díspares entre si. O seu<br />discurso ambíguo e contrastante oferece substrato suficiente para produzir tanto uma<br />estereotipia negativa em que se inferioriza o sertão/nordeste, quanto uma estereotipia<br />positiva em que se enaltece esta região e o seu povo.<br />Apesar de suas fortes convicções naturalistas, próprias de uma geração de<br />intelectuais influenciados pelas teorias evolucionistas, deterministas e racistas, Euclides da<br />Cunha se depara com a vida no sertão e a partir do que assiste durante a guerra de Canudos<br />é tomado por profundos conflitos epistemológicos visivelmente presentes na sua obra. As<br />imagens que constrói daquele lugar e do homem que o habita são totalmente ambíguas e<br />por vezes contraditórias. Assim, a paisagem desoladora e desértica é a mesma paradisíaca,<br />uma terra que vai Da extrema aridez à exuberância extrema (p.231), e o seu habitante, o<br />sertanejo, apesar de ser o homem permanentemente fatigado , cambaleante e sem prumo,<br />de um só assalto pode se transformar em um titã acobreado e potente ágil e forte. Enfim,<br />entre os saberes de sua época e a vontade de exaltar a memória dos canudenses, Euclides<br />acaba por levantar uma grande questão para o Brasil, quem será esse povo desconhecido:<br />vencido ou vencedor?<br />Desta forma, são estas e outras afirmações de Euclides da Cunha, aliada as demais<br />obras também de cunho naturalista que, por volta do início do século XX, dão vazão aos<br />divergentes discursos construídos pelos intelectuais do Sul e do Norte sobre a nova região<br />do país chamada Nordeste. É neste contexto que pretendo perceber de que forma foi<br />construído o estereótipo do povo que habita esta região o nordestino/sertanejo.<br />2. Como o Brasil de Cima se apresenta e como o Brasil apresenta o Brasil<br />de Cima<br />O objetivo do discurso colonial é apresentar o colonizado<br />como uma população de tipos degenerados com base na<br />origem racial de modo a justificar a conquista e<br />estabelecer sistemas de administração e instrução.<br />Homi Bhabha<br />O historiador Durval Muniz Albuquerque Jr. inicia o seu livro A Invenção do<br />Nordeste e outras artes, convidando-nos a olhar o Nordeste na mídia: novelas,<br />documentários, reportagens jornalísticas e, principalmente, programas de humor. O que<br />geralmente aparece em cena é um lugar bem distante (de quem?), com pessoas engraçadas,<br />que falam errado , se vestem com roupas emendadas, usam maquiagem exagerada, dão<br />tiro e peixeradas para todo lado... O que se encontra de comum em todas estas imagens<br />pitorescas e risíveis é um discurso concreto que produz um incômodo nos moradores da<br />região e, que pode gerar ao mesmo tempo uma intrigante aceitação do lugar de marginal<br />frente a uma cruel estratégia de estereotipização.<br />Assim como propõe Homi Bhabha em seu ensaio A Outra Questão: o Estereótipo, a<br />Discriminação e o Discurso do Colonialismo, no qual discute a questão da alteridade a<br />partir da construção do estereótipo no discurso colonial, Albuquerque Jr nos provoca a<br />fazer um deslocamento dos lugares fixos de opressor/oprimido, inventor/inventado,<br />sugerindo ao leitor uma compreensão histórica de como essas imagens foram produzidas e<br />quem as produziu. Ao trazer à cena os próprios nordestinos como atores desta trama e<br />não apenas como vítimas, afirma, logo de imediato, que a composição deste lugar e da<br />representação dos seus habitantes se deu a partir de diferentes vozes, vindas de fora e de<br />dentro da região. A produção destes discursos conferiu ao Nordeste e aos nordestinos<br />determinadas características e estigmas morais, culturais, simbólicos e sexualizantes, fruto<br />do jogo das relações de poder e saber, de conflitos e de acordos entre o Sul/Sudeste e o<br />Norte/Nordeste. Neste sentido, Albuquerque Jr. apresenta o Nordeste em termos de<br />representação<br />O discurso da estereotipia é um discurso assertivo, repetitivo, é uma fala arrogante, uma linguagem<br />que leva a estabilidade acrítica, é fruto de uma voz segura e auto-suficiente que se arroga o direito de<br />dizer o que é o outro em poucas palavras. (2001, p. 20)<br />Além de perceber a produção da região Nordeste gostaria de focalizar a discussão<br />na construção da imagem do seu habitante o nordestino . Quem é essa figura que se<br />encontra tão presente no imaginário dos próprios moradores da região, mas também, e<br />muito fortemente, nos outros brasileiros, representado (principalmente a partir dos anos<br />30) na literatura, na música, na poesia e no cinema, enfim, nas artes e nas letras que<br />compõem este Brasil... De onde, como e quando nasce este emblemático homem?<br />Mais uma vez Albuquerque Jr, em seu mais recente livro Nordestino, uma invenção<br />do falo, procura responder a questões como estas traçando uma triangulação de tipos para<br />explicitar as influências epistemológicas, utilizadas tanto pelos intelectuais do Sul/Sudeste<br />quanto do Norte/Nordeste. Desta forma, ele chamou de homem eugênico<br />a imagem<br />referente à raça, de homem telúrico<br />a imagem referente à cultura, e de homem rústico<br />a imagem referente ao meio.<br />No discurso das elites regionais do Norte, principalmente ligadas a Pernambuco<br />(inventores da idéia de Nordeste), o tipo regional vai se configurando a partir dos anos vinte<br />e sendo disseminado e popularizado no final dos anos trinta4. A primeira questão que o<br />autor chama a atenção é que, não por acaso, este sujeito é representado pela figura<br />masculina. Assim,<br />O Nordeste, que um dia foi o Brasil, o Brasil da Casa Grande e da Senzala, o Brasil da nobreza e da<br />quase nobreza portuguesa, o Brasil das capitanias hereditárias e das sesmarias, dos engenhos de<br />açúcar e das roças, do gado e do algodão, tornou-se periferia desse mesmo Brasil, mas que já não é<br />mais o mesmo... (Favero e Santos, 2000, p. 27)<br />Sentindo-se abandonado no porão da Casa Grande, como insistente lugar do atraso,<br />em contraponto a um Brasil moderno, do café e da indústria que nascia no Sul, seria<br />necessária à emergência de um Homem com H maiúsculo, forte, capaz de recuperar a<br />4 Quando aparecem os primeiros cordéis e xilogravuras onde este nordestino é representado.<br />potência e o poderio deste saudoso lugar. Desta forma, o homem que melhor representaria o<br />Nordeste, segundo o movimento regionalista, seria o sertanejo, aquele homem rude,<br />embrutecido pela natureza, descrito tão bem por Euclides da Cunha como um herói,<br />guerreiro, e resistente, capaz de enfrentar todo tipo de dificuldade e de sobreviver a elas.<br />Segundo Albuquerque Jr.,<br />O tipo nordestino vai se definindo como um tipo tradicional, voltado para a preservação de um<br />passado regional que estaria desaparecendo... ...se situa na contramão do mundo moderno, rejeita as<br />suas superficialidades, sua vida delicada e histérica. Um homem de costumes conservadores,<br />rústicos, ásperos, masculinos; um macho capaz de resgatar aquele patriarcalismo em crise; um ser<br />viril, capaz de retirar a sua região da situação de passividade e subserviência em que se encontrava.<br />(2003, p. 162)<br />A partir daí podemos perceber que o processo de estereotipia do nordestino<br />associado ao sertanejo, ao homem da roça, não nasce apenas de uma disputa do Sul contra o<br />Norte. É claro notar que o estereótipo associado aos atributos negativos do rural, e a criação<br />de estigmas como: tabaréu, violento, fanático, messiânico, incapaz, miserável... nasce da<br />necessidade do Sul se afirmar como: educado, moderno, capaz, rico, produtivo, racional...<br />pela diferença. O fundamento que associa as representações do nordestino ligadas ao rural,<br />mesmo no sentido de valorizá-lo, é decorrência de uma inconseqüente e voraz postura da<br />elite do Norte que, em nome da manutenção de uma ordem econômica e política<br />(patriarcal) e de uma sede de poder, utiliza a seca como o seu mote principal na<br />mobilização de recursos para investimentos na região (Albuquerque Jr. 2001).<br />É assim que o Brasil de cima se apresenta, forte, viril, duro e ríspido, influenciado<br />pelo meio ao desenvolver uma capacidade de enfrentar tudo e a todos para sobreviver,<br />sobreviver aqui no sentido de resistir, tanto a seca, que assola grande parte da região,<br />quanto no sentido de manter a pureza da brasilidade, se resguardando, pela distância, das<br />destruidoras influências modernizantes/estrangeiras, a que o Sudeste estava sujeito.<br />O abandono em que jazeram os rudes patrícios dos sertões do Norte teve função benéfica.<br />Libertou-os da adaptação penosíssima a um estágio social superior, e, simultaneamente,<br />evitou que descambassem para as aberrações e vícios dos meios adiantados . (Cunha, 2002,<br />p. 269)<br />É, portanto, no discurso ambivalente das elites rejeitadas do nordeste que, ao<br />mesmo tempo, em que se exaltam, se deixam apresentar como pedintes, excluídos,<br />marginais e miseráveis, vítimas da seca e da hostilidade da natureza. É neste sentido, que os<br />estudos de Albuquerque Jr, se apresentam como uma importante denúncia, propondo, aos<br />sujeitos aí traduzidos, superar este comportamento masoquista através da destruição do que<br />foi estabelecido historicamente como verdade, se o Nordeste foi inventado para ser este<br />lugar de barragem da mudança, da modernidade, é preciso destruí-lo para poder dar lugar a<br />novas espacialidades de poder e de saber (2001, p. 311).<br />Esta forma de dizibilidade abriu brechas para se deixar ser apresentado<br />pejorativamente pelo outro , que, por sua vez, se aproveita da ambigüidade e fragilidade<br />desse discurso para evidenciar excessiva e repetidamente alguns traços da diferença e<br />produzi-la enquanto estigma e verdade.<br />É principalmente pela imprensa que o Brasil de Baixo (o Sul) vai falar do Brasil<br />de cima (o Norte). Aí mais uma vez podemos considerar como um dos grandes marcos na<br />construção desse outro discurso o livro de Euclides da Cunha, Os Sertões, ao enfatizar a<br />superioridade do Sul em relação ao Norte, tanto pela influência do clima E volvendo ao<br />Sul, no território que do norte de Minas para o sudoeste progride até o Rio Grande,<br />deparam-se condições incomparavelmente superiores... atingindo no inverno, a impressão<br />de um clima europeu... (p. 248), como pela influência da raça Ao passo que no Sul se<br />debuxavam novas tendências, uma subdivisão maior nas atividades, maior vigor mais<br />heterogêneo, mais vivaz, mais prático e aventureiro, um largo movimento progressista, em<br />suma . Em contraposição estava o Norte capitanias esparsas e incoerentes, jungidas a<br />mesma rotina, amorfas e imóveis... lugar onde a história não tocava, o local do atraso,<br />onde as transformações urbanas e industriais, surgidas no centro-sul do país, jamais<br />ocorreriam, sendo esta região povoada por uma sub-raça .<br />O que chamaria a atenção do resto do país, tanto através da obra de Euclides quanto<br />pelo advento da imprensa citadina que divulga fotos e reportagens sobre a grande seca<br />ocorrida em 1877 no Norte, são, justamente, os comportamentos e fenômenos bizarros<br />desta região, pois aliado a guerra de Canudos o cangaço, começava também a aparecer na<br />imprensa sulista. A partir daí, surgem inúmeras reportagens principalmente de jornais do<br />Rio e de São Paulo sobre o Norte/sertão, algumas como notas de viagens. Segundo<br />Albuquerque Jr, O Estado de São Paulo promove uma série de reportagens intituladas<br />Impressões do Nordeste e Impressões de São Paulo , com a clara estratégia de<br />demonstrar a superioridade paulista, a exemplo deste texto escrito em 1920:<br />...Incontestavelmente o Sul do Brasil, a região que vai da Bahia até o Rio Grande5, apresenta um<br />tal aspecto de progresso em sua vida material, que forma um contraste doloroso com o abandono em<br />que se encontra o Norte, com seus desertos, sua ignorância, sua falta de higiene, sua pobreza, seu<br />servilismo6.<br />Deste modo,<br />seja na imprensa do Sul, seja nos trabalhos de intelectuais que adotam os paradigmas naturalistas,<br />seja no próprio discurso da seca, o Norte aparece como uma área inferior do país... A certeza de que<br />o rápido desenvolvimento do Sul, notadamente São Paulo, se explicava por ser um Estado de clima<br />temperado e raça branca, levava a que não se tivesse dúvidas do destino desta área, puxar o trem<br />descarrilhado de uma nação tropical e mestiça . O Norte ficaria naturalmente para trás.<br />(Albuquerque Jr., 2001, p. 62)7<br />Fazendo perdurar até os nossos dias o estereótipo do nordestino/sertanejo na região<br />Sul e Sudeste, reduzido à imagem da seca, da migração, do tabaréu, ignorante, cruelmente<br />associado ao risível.<br />E a Bahia?, citada acima como Sul, onde estava no momento de construção da<br />identidade do Nordeste, o que pensava e como se dizia este estado integrado a região<br />Nordeste posteriormente? É sobre estas e outras questões que pretendo discutir a seguir.<br />3. A pesquisa: Ser-Tão Baiano, o lugar da sertanidade na configuração da<br />Identidade Baiana<br />Pretendo a partir destas primeiras impressões sobre o discurso de estereotipia no<br />processo de construção da identidade brasileira, desenvolver a minha pesquisa pensando o<br />lugar da Bahia neste cenário. Ao perceber como o discurso colonial se reproduz<br />internamente num país (Brasil), numa região (Nordeste), e até mesmo num estado (Bahia),<br />faz-se necessário perguntar quais os efeitos dessas disputas identitárias internas, na<br />tentativa de estabelecer uma representação hegemônica?<br />Qual a relação identitária entre a Bahia e o Nordeste, como a capital do estado vê os<br />municípios do interior, existe lugar para a sertanidade no conjunto de referências que<br />comumente se denominou Identidade Baiana? A partir de perguntas como estas, pretendo<br />perceber como o discurso hegemônico da Baianidade, centrado na cidade de Salvador e<br />recôncavo, se afirmou, qual o seu impacto sobre os moradores da capital e os moradores do<br />5 Grifos meus.<br />6 Retirado do livro A invenção do Nordeste e outras artes de Albuquerque Jr., P. 43.<br />7 Grifos meus.<br />interior, o que está no imaginário dos jovens moradores da capital sobre os moradores do<br />interior do estado, principalmente da região do semi-árido do sertão baiano, é possível<br />superar os discursos de estereotipia do sertanejo/interiorano dentro deste estado do<br />Nordeste?<br />Todas estas questões partem de uma percepção pessoal, como migrante do interior<br />para a capital, de como as diferenças regionais dentro de um mesmo estado são apontadas,<br />dentro de uma lógica hierárquica, pela convivência cotidiana. Desta forma, a problemática<br />identitária do ser ou não ser baiano? intriga muitos outros que não se reconhecem na<br />imagem hegemônica e oficial da Bahia.<br />As discussões sobre as imagens de baianidade realizadas nas academias nos últimos<br />anos8, abordam o significado da identidade cultural baiana , colocando, em geral, em<br />debate o modelo de identidade produzido e veiculado sobre a Bahia sobre o olhar da<br />publicidade. Apesar de pensar criticamente sobre esta imagem de Bahia, estes estudos têm<br />se centrado no recôncavo, tendo como principal referência a cidade de Salvador, problema<br />que se reproduz em importantes estudos históricos.<br />Sabendo das dimensões geográficas e das singularidades culturais do estado, e a partir<br />dos estudos sobre o Nordeste e a construção da imagem do nordestino/sertanejo, é<br />necessário discutirmos mais profundamente o que é a cultura baiana , como e porque este<br />estado de tão ricas e variadas representações constrói a sua dizibilidade e sua visibilidade a<br />partir de uma única região?. Mesmo havendo uma abertura na academia para os estudos<br />culturais pautados na alteridade, no respeito às diferenças e no reconhecimento das<br />chamadas minorias, a questão da diversidade baiana ainda não é problematizada o<br />suficiente.<br />Para discutir a complexidade da sociedade baiana e suas múltiplas facetas não<br />podemos trabalhar com uma idéia totalizadora, como é o caso da identidade oficial baiana.<br />A imposição desta imagem apaga a existência do outro e não traduz a diversidade do<br />cotidiano popular.<br />A população afastada do litoral, do interior, do sertão, principalmente do semi-árido<br />baiano, não se identifica com o estilo de vida litorâneo: a culinária, a economia marítima e<br />as festividades religiosas, as manifestações culturais mesmo quando presentes não têm o<br />8 Principalmente por estudiosos das Faculdades de Ciências Humanas e de Comunicação da UFBA.<br />mesmo significado, porque são diferentes as lógicas, as noções de tempo e de espaço, e de<br />certos valores de convivência. E mesmo no contexto global, onde as distâncias espaciais e<br />temporais são encurtadas pelos meios de comunicação, percebo que o estereótipo do<br />sertanejo ainda perdura neste espaço metropolitano, reduzido à imagem da seca e da<br />ignorância. Esta visão é reforçada ao se produzir uma imagem hegemônica e oficial do<br />estado, em que as belezas e os elementos ligados a modernidade se concentram em um só<br />espaço, a capital e seu recôncavo, em contraponto a toda uma região culturalmente muito<br />rica que passa a ser um desconhecido, ou mesmo um não lugar, dentro de um mesmo<br />território (estado).<br />É no sentido de verificar se na composição da tessitura de referências comumente<br />chamada de Identidade Cultural Baiana há espaço para elementos de uma identidade<br />sertaneja, ou de uma sertanidade, que pretendo desenvolver a minha pesquisa, buscando<br />perceber como a imagem oficial e hegemônica da Bahia, representada principalmente pelos<br />meios de comunicação, afetam o imaginário dos jovens soteropolitanos em relação a<br />diversidade cultural do estado.<br />4. Referências Bibliográficas<br />ALBUQUERQUE Jr., Durval Muniz de. A Invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo:<br />Cortez. 2001.<br />ALBUQUERQUE Jr., Durval Muniz de. Nordestino, uma invenção do falo, uma história<br />do gênero masculino (Nordeste 1920 1940). Maceió: Catavento. 2003.<br />BHABHA, K. Homi. O local da cultura. Belo Horizonte. Ed. UFMG. 1998.<br />CARVALHO, Ana Maria de (org). Quem faz Salvador. Salvador: UFBA, 2002.<br />CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Cultrix-MEC, 1973.<br />FAVERO, Celso Antônio e SANTOS, Stella Rodrigues dos. Semi-árido: fome, esperança,<br />vida digna. Salvador: UNEB, 2000.<br />FREYRE Gilberto. Interpretação do Brasil: aspectos da formação social brasileira como<br />processo de amalgamento de raças e culturas. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.<br />GALVÃO, Walnice Nogueira. Euclides da Cunha: Os Sertões In MOTA, Lourenço<br />Dantas (org.) Introdução ao Brasil. Um banquete no trópico. São Paulo: Senac, 1999.<br />HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.<br />ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. São Paulo: Brasiliense, 1994.<br />PÍRES NETO, Josias. Bahia singular e plural: registro audiovisual de folguedos, festas e<br />rituais populares. Salvador: SCT/Fundação Cultural, 2005.<br />RISÉRIO, Antônio. Caymmi, uma utopia de lugar. São Paulo: Perspectiva. 1993.<br />VELLOSO, Mônica. Que cara tem o Brasil? As maneiras de pensar e sentir o nosso país.Nordestino, Sertanejo !http://www.blogger.com/profile/17678468339009123905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-490220753846237483.post-42928181784630126602008-10-15T13:24:00.000-07:002008-10-15T13:25:08.288-07:00<a name="topo"></a>O Povo sertanejo<br />Do contato entre brancos e índios do Nordeste formou-se um povo mestiço, o sertanejo, que vai lidar com gado e aprender a arte do couro e do tratamento da carne de charque. Acostumado a longas caminhadas, dormindo em rede, comendo feijão, carne-de-sol, farinha de mandioca e vivendo no isolamento silencioso da enormidade das distâncias.<br />O pasto do sertão é ralo e as águas raras; os currais estão dispersos nas grandes sesmarias - os atuais latifúndios -, criadas com o trabalho e o suor do sertannejo e com sangue dos povos indígenas.<br />O vaqueiro nordestino - baiano, piauiense ou cearense -, com seu tipo característico, representa o sertanejo, que em grande parte esqueceu suas origens nativas, muito embora conserve viva a cultura indígena.<br />Essa alma indígena se manifestará mais tarde nos movimentos religiosos de Antônio Conselheiro e do Padre Cícero. O Nordeste indígena foi abafado, mas não destruído. <br /><br />Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo: FTD, 2000.Nordestino, Sertanejo !http://www.blogger.com/profile/17678468339009123905noreply@blogger.com0